Sobre este blog

Ser mestre é ser um semeador; não qualquer um deles, entretanto, aquele semeador que não escolhe o solo em que vai lançar sua semente e que não se queixa ou questiona se o solo é seco, árido ou fértil, porque o essencial é semear...



13 de abr. de 2014

Ao 1º ano F


Conforme combinamos, a nossa interação vai além das aulas de atividades,  análises de textos e produção textual à participação virtual por intermédio dos blogs. Esses textos que posto abaixo são exemplos da Era medieval que devem ser estudados.Queiram, por gentileza, imprimi-los para as próximas aulas para que possamos finalizar o conteúdo do Trovadorismo. Na impossibilidade de interagirem dessa forma, entrem em contato na sala de aula.Obrigada. (Por medida econômica selecionem apenas os textos das cantigas).

CANTIGA DE AMIGO (Martim Codax)

Ondas do mar de Vigo,
'a se vistes meu amigo!B         1º par
ai Deus, se verrá cedo! refrão


Ondas do mar levado,A
Se vistes meu amado!B
E ai Deus, se verrá cedo!refrão

Se vistes meu amigo,B                                                 2º par
O porquê eu sospiro  C
E ai  Deus, se verrá cedo! refrão

Se vistes meu amado, B
Por que hei gran cuidado! C
E ai Deus, se verrá cedo! refrão

Paráfrase

Ondas do mar de Vigo 
Se vires meu namorado!
 
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Ondas do mar revolto, 
Se vires o meu namorado!
 
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu namorado, 
Aquele por quem eu suspiro!
 
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu namorado 
Por quem tenho grande temor!
 
Por Deus, (digam) se virá cedo!
 

Essa cantiga é de amigo, o tema é à espera do namorado e a angústia provocada pela demora em chegar. Analise o eu lírico, faça um levantamento das características desse tipo de cantiga. As cantigas eram circuladas através de pergaminhos e sua visualização e reprodução eram autorizadas:o pergaminho Vindel (encontrada e vendida pelo madrileno Pedro Vindel-1913) e o Sharrer descoberto por Harvey Sharrer-1990) são exemplo disso.

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Cantiga de escárnio e maldizer 

Martim jograr, que gran cousa (JOÃO GARCIA DE GUILHADE)


*Martim jograr, que gran cousa:
Já sempre convosco pousa*
Vossa molher!

Ve[e]des m’andar morrendo,
E vós jazedes* fodendo
Vossa molher!

Do meu mal nom vos doedes*,
E moir’eu, e vós fodedes
Vossa molher!
Cantiga de maldizer
Crítica direta-uso de palavrões e forma direta de satirizar, na maioria são de mestria, 31% contêm paralelismo.
*Martim – segundo pesquisas Martim faz referência a algum jogral da época( eram muitos os Martins: Codax,de Guinzo etc. Pode ser da corte castelhana onde Guilhade passou.
*pousa- dorme.
*jazedes- referência ao verbo jazer- estar deitado.
*doedes- doer-se, condoer-se, ter pena.
Muitos nobres escreveram cantigas: destaques para os reis: Afonso Henriques e seu neto, D. Dinis.
Os “jograis” eram trovadores populares
As cantigas de amor, de origem provençal palaciana não deveriam utilizar paralelismos (repetições de versos, do tipo refrão mais usados nas outras cantigas populares). Por essa razão denominavam-se cantigas de mestria.
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Cantiga de escárnio

NUNCA [A] TAM GRAN TORTO( JOÃO GARCIA DE GUILHADE)

Nunca a tam gran torto* vi
com'eu prendo*d'um infançom*
e quantos e na terra som
todo'lo tem por assi
o infançom, cada que* quer
e nulha rem* nom dá por mi
E já me nunca temerá, 
Ca* sempre me tev'em desdém,
des i*ar* quer sa molher bem
e já sempr'i filhos fará
-siquer* três filhos que fiz i,
fillha- os todos pera si:
O demo lev'o que m'en dá!
Em tam gram coita viv'hoj'eu
que nom poderia maior:
vai se deitar com mia senhor
e diz do leito que é seu
e deita-se a dormir em paz;
des i, se filh'ou filha faz,
*nõn'o quer outorgar por meu!

Cantiga de escárnio
*torto- injúria, infâmia, ofensa.
*prendo- tomar, receber./ infançon-cavaleiro nobre, infanção.
*têm-teer-achar, considerar.
*Cada que-cada vez que.
*nulha rem-nada, coisa nenhuma.
*Ca- pois, porque.
*des i- além disso./ *ar- também
*siquer-até mesmo.
*nõn'o quer outorgar por meu- não quer reconhecerque é meu.
Estudem as características desse texto:
Crítica indireta; uso do equívoco: tentativa de ludibriar o sentido( usar suavização-eufemismo ou ironia)
Cantiga de mestria (sem paralelismo)
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