Sobre este blog

Ser mestre é ser um semeador; não qualquer um deles, entretanto, aquele semeador que não escolhe o solo em que vai lançar sua semente e que não se queixa ou questiona se o solo é seco, árido ou fértil, porque o essencial é semear...



4 de mar. de 2020

Aos alunos dos 1ºs anos E e F da Escola Estadual Pe. Anchieta:

Segue a postagem complementar sobre o texto anterior, uma vez que a poesia Andorinhas de Antônio Nobre foi escrita pelo poeta Cassiano Ricardo. 
Assim passo a falar agora deste poeta para que acrescentem maiores informações sobre a arte literária. Inicio com uma poesia sua: 


Resultado de imagem para Cassiano Ricardo


O relógio (do livro Um dia depois do outro)

"Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos

Cada minuto da vida
Nunca é mais, é sempre menos

Ser é apenas uma face
Do não ser

Desde o instante que se nasce
Já se começa a morrer"

Estas postagem que escrevo sobre Cassiano Ricardo são informações da fonte  da Academia Brasileira de Letras, por Mariane Helena. 
Afirma-se que Cassiano foi um poeta maravilhoso, que nasceu na cidade de São José dos Campos em 26 de julho de 1895 (nasceu aproximadamente,  28 anos após Antônio Nobre). Ocupou a cadeira de nº 31 da Academia Brasileira de Letras. Encaixa-se na escola literária do Modernismo. Há uma nota que afirma: que pela qualidade de sua obra é pouco lembrado (morreu em São Paulo em 14 de janeiro de 1974) com 79 anos. Viveu mais tempo do que Antonio Nobre, pois este morreu jovem ainda, devido a tuberculose.
Cassiano Ricardo tinha a capacidade de se renovar a cada obra, pois era versátil, fino, considerado poeta das metamorfoses, não foi só poeta, foi teórico escrevendo algumas reflexões sobre poesia de vanguarda (sempre à frente de sua época), alcançou uma maturidade linguística incomparável e sempre participou da vida social e política do Brasil. Há uma repreensão  aos críticos que tentaram, segundo as informações, fazer uma propaganda negativa do seu trabalho. 
Principais obras: 
A marca para Oeste (sobre a formação política, social do Brasil).
Vamos caçar papagaios (1926).
Martim Cererê (1928) - com várias reedições. 
Eu no barco de Ulisses
Um dia depois do outro (uma verdadeira metamorfose de estilo puramente realista). Drummond chamou sua poesia de chapliniana.
Só hoje que sou inocente
João Torto e a fábula (1956)
Jeremias sem chorar (1959)
os sobreviventes (1971) seu último livro

Falando sobre o estilo de época

Cassiano Ricardo é poeta, crítico e ensaísta, encaixa-se na escola literária Modernismo (1922-1945) dos grupos Verde-Amarelo e Anta. 
Esse movimento foi uma revolução nas artes em geral da forma como vinham sendo produzidas; mudanças provocadas pela industrialização, transformações políticas e sociais com o fim do absolutismo ocasionado pela Revolução Francesa e ainda pela revolução na ciência (Albert Einstein- Teoria da Relatividade e Sigmund Freud - descoberta da psicanálise) no  mundo.
O cenário do Brasil nesse período era conturbado: proclamação da República, libertação dos escravos, política do café com leite, e a primeira guerra mundial foram acontecimentos que impactaram a sociedade causando uma ruptura na antiga maneira de se fazer arte.
O Modernismo no Brasil teve 3 fases:

1º período - geração dos 20 (1920)

Procurou realizar movimentos de vanguarda estrangeiros aplicados à cultura nacional, era comum o nacionalismo crítico nesse período, Cultuava os versos livres, a liberdade sintática, linguagem coloquial, uso de paródias. Houve 2 movimentos nesta fase: Manifesto Pau-Brasil (culto ao folclore nacional brasileiro) e Movimento Antropofágico (significando devorar a arte estrangeira, aplicando-a a nossa cultura).  Em 1922, aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana da Arte Moderna. Ali, vários representantes de cada tipo de arte foram muito mal recebidos pelo público que não aceitava aquelas mudanças.
*Os poetas Mário de Andrade e Oswald de Andrade se destacam nesse período.

2º período - geração de 30 

Nessa fase, o movimento se intensificou com a visão no presente e no futuro, apresentando sentimentos de angústia, revelando a crise contemporânea e existencial, alienação das massas privação agrária (teorias do existencialismo e Marxismo).Na literatura são mantidos os elementos formais do período anterior, mas prevalece a reflexão e a metalinguística (uso da língua para falar da própria língua).
Principais autores desse período: Murilo Mendes, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade.

3º período - geração de 45

Nasceu no período da 2ª grande guerra mundial, a desgraça trazida pela bomba atômica e, no Brasil, o fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, fatos que influenciaram as artes dessa fase que passa a uma análise metafísica (além do material)  das pessoas e da vida; hermetismo (obscuro, difícil de entender). Na poesia, há o retorno da métrica regular, retorno à gramática tradicional na escrita e volta das rimas (formalismo).
Principais autores: Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa.

* Grupo Verde-Amarelo e Anta foram dois movimentos da primeira fase do modernismo a que pertenceu Cassiano Ricardo, Menotti del Pichia e Guilherme de Almeida

É, a matéria é longa, mas para entender as obras deste período é preciso ler, entender, enfim, estudar para valer!





0 comentários:


Postar um comentário

1 de mar. de 2020

Aos alunos dos 1ºs anos E e F  da Escola Pe Anchieta:

Disciplina Português e Literatura

Caros alunos, conforme prometido em sala de aula, segue esta postagem que lhes servirá de apoio para aprofundamento de estudo e acréscimo cultural.
Trabalhamos em sala, o texto: As andorinhas de Antônio Nobre, e seguem os dados históricos deste autor, o seu estilo de época e o contexto onde viveu.



  António Nobre era português, nasceu em 1867, século XIX  e faleceu em 1900 já no século XX. Nasceu na Cidade do Porto e era de família economicamente privilegiada. Em se falando de estilo de época, conviveu com parte do período realista da literatura  e a maior parte durante o Simbolismo. Estudou Direito, mas abandonou os estudos e por duas vezes foi reprovado, dirigindo-se então para a Universidade de Sorbonne, na França onde concluiu o curso (1895).Foi na faculdade que começou a escrever poesias, e como o Simbolismo volta-se para as características românticas, suas poesias são muito tristes, centram-se em temas fúnebres (influência do escritor Byron), como doença e morte também influenciados pela tuberculose, enfermidade da qual vem a falecer aos 32 anos. Principais obras: Só (considerada por ele próprio como a mais triste de Portugal); Balada do caixão, Adeus, entre outras distribuídas em dois volumes: Despedidas e Primeiros versos. Sua linguagem refinada apesar de simples, reflete também saudades da infância, tristeza por sua condição e a  vida em Paris onde ficou exilado durante a doença.
Resultado de imagem para António Pereira Nobre
Realismo (prosa) - Parnasianismo (poesia) (de 1881 a 1893)
Simbolismo (de 1893 a 1922) 
      O Simbolismo aconteceu em um período em que havia oposição ao Realismo/Parnasianismo e a qualquer tendência que esse estilos apresentassem. 
     Ao invés da razão,frieza de sentimentos e perfeição formal, o simbolista preferia o sentimento, a fluidez, e, se na época realista havia a dinâmica das revoluções, e da guerra, além do culto ao material,o simbolista trabalhava com o sentimento, a fluidez  e, a transcendência do humano para o espiritual onde um certo pessimismo pairava no ar como tendências do Romantismo. Desta forma, os órgãos do sentido estão presentes nas obras simbolistas.
  A musicalidade se faz presente nos versos deste período, através de aliterações constantes, repetição de palavras, individualismo, a troca  do social pela busca individual e introspecção.
 Escritores europeus que influenciaram essas tendências de época:
  Baudelaire, Mallarmé, Verlaine e Rimbaud (os chamados poetas malditos).
  No Brasil, o principal representante do Simbolismo é o poeta Cruz e Sousa. 
 Espero que tenham aprendido um pouco mais sobre o assunto, qualquer dúvida, questionamento ou sugestão serão muito bem-vindos no espaço comentários, obrigada!

pontuação aula slides